Anticorpos não garantem imunidade

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Uma matéria postada na página do O Combate no Facebook trouxe as considerações do especialista em coronavírus, Eurico Arruda Neto, professor da Virologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP), que alertou sobre a relação entre ter anticorpos e ser imune à Covid-19, a doença transmitida pelo SARS-CoV-2, o novo coronavírus.
O Dr. Eurico disse que a ideia de “passaporte de imunidade” com base em testes de anticorpos é “descabida” e “perigosa”. Segundo o virologista da USP, os testes dizem apenas que uma pessoa tem anticorpos. “Mas ter anticorpos não é o mesmo que possuir defesas e estar imune. A resposta imune é complexa, e envolve outros componentes além de anticorpos. O ‘passaporte’ colocará pessoas infectadas nas ruas para passar o vírus livremente”.
Ele comparou o anticorpo a uma cicatriz. “A presença de anticorpos diz que uma pessoa foi exposta ao vírus e produziu uma resposta a isso. Mas isso não significa que ficou imune, pois a resposta pode não ser forte ou duradoura o suficiente, e tampouco que ela deixou de ser portadora do vírus, explicou, completando que é claro que algumas pessoas com anticorpos de fato terão desenvolvido defesas, anticorpos capazes de bloquear a infecção, mas os testes sorológicos disponíveis em larga escala não são capazes de informar isso. “O teste para detectar a presença de anticorpos neutralizantes, que não é um teste rápido, seria um indicador mais acurado de imunidade”, informou.
Segundo o Dr. Eurico, a chamada persistência, ou seja, a capacidade do novo coronavírus continuar “escondido” no organismo mesmo depois de a pessoa se recuperar de uma infecção ainda é desconhecida. “O vírus para de se replicar desenfreadamente e de causar doença, mas continua no corpo da pessoa. Se as defesas dela, por algum motivo, enfraquecem, ele pode voltar a se replicar e ser transmitido, e pode provocar sintomas”, argumenta.
Ele diz que isso pode ter acontecido, por exemplo, com pacientes com Covid-19 que foram considerados recuperados e voltaram a testar positivo na Coreia do Sul e na China. Para Arruda, as pessoas estão “brincando com fogo” no que diz respeito à epidemia. “No Brasil, estamos muito mal. O governo e as empresas falam em retomada da economia justamente no momento mais crítico da epidemia. O resultado será um pandemônio. Se até aqui tivemos alguma redução de curvas de crescimento, foi graças ao distanciamento social, e reduzi-lo dará ao coronavírus um passe livre”, encerrou.

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