A invasão das “fake news” nas redes sociais

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A Fundação Getúlio Vargas (FGV) acaba de concluir um levantamento no qual aponta que os robôs – também conhecidos como contas automatizadas, que ficam clicando e massificando certas postagens para criar no meio da sociedade uma falsa sensação de apoio majoritário a uma determinada ideia ou pessoa – foram responsáveis por 10% do engajamento no debate de conteúdo político nas redes em 2014. O fenômeno não é novo, tampouco exclusivo ao Brasil. Ao contrário. As chamadas “fake news”, ou notícias falsas, que inundaram as mídias digitais, já polarizaram as eleições tanto aqui como nos EUA.
Os assessores de Trump espalharam na rede, por exemplo, que o Papa Francisco apoiava o republicano. O Vaticano teve trabalho para desmentir. No Brasil não está sendo diferente. Apoios que não foram dados, frases não ditas, áudios imitando a voz de famosos e até imagens de uma pessoa se passando por outra (caso de um homem que se passou pelo diretor da Globo, Carlos Henrique Schroeder, para falar bem de um candidato e o “fake” sequer parecia com o original).
Este ano, portanto, está sendo sedimentado como a era da mentira, com o uso abusivo deste recurso para engabelar massas de eleitores por meios digitais. As “fake news” atingiram um patamar que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) discutiu estratégias para evitar a proliferação dessas notícias falsas durante o período de campanha, mas não foi bem sucedido.
Nos meios digitais, essas mensagens subliminares se espalham como pólvora. Em vários casos, a mensagem cenográfica dos candidatos – que na TV, nos outdoors e nos discursos são “maquiados” com promessas que não cumprem e ideias nas quais na verdade não acreditam – ganhou agora um elemento a mais: as versões virtuais de mentiras e desinformações que eles espalham na rede, seja com o objetivo de turbinar suas candidaturas ou de enxovalhar a reputação de adversários, numa manobra que confunde o público, engana internautas e desvirtua os fatos de maneira criminosa. É essa a onda que precisa ser combatida.
A presidente do TSE, Rosa Weber, afirmou em entrevista coletiva que a Corte ainda está apreendendo a lidar com as chamadas “fake news”, ao ser questionada sobre o trabalho que vem sendo feito no combate a boatos disseminados na internet.
“De fato, ‘fake news’ é o assunto do momento. O que a Justiça Eleitoral está fazendo? No primeiro momento, aprendendo a lidar com ‘fake news’, este fenômeno que não é exclusivamente brasileiro”, disse a ministra. Rosa Weber lembrou de um seminário internacional realizado no início do ano com especialistas estrangeiros e brasileiros e citou as ações conduzidas pelo Tribunal contra notícias falsas: criação de um conselho consultivo sobre internet e eleições, com atribuições para desenvolver pesquisas e estudos sobre as regras eleitorais e a influência da internet nas eleições; um acordo de colaboração feito com partidos, para evitar um ambiente eleitoral com disseminação de notícias falsas; um acordo com especialistas em marketing político para que colaborem com a Corte para manter o ambiente imune da disseminação de notícias falsas; um seminário internacional sobre o tema. Tem adiantado? A resposta todos nós sabemos. As “fake news” pululam na internet e, pelo visto, não estão com os dias contados porque não se limitam somente às eleições, mas a outras instâncias. Lamentável.

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