O Ministério da Saúde informou que soluções à base de soja, de proteínas hidrolisadas e de aminoácidos serão subsidiadas pelo governo federal e distribuídas pelo SUS, para crianças até dois anos de idade com diagnóstico de alergia à proteína do leite de vaca (APLV). Essa proposta deve entrar em vigor em até 180 dias, ainda em 2019. “A melhor forma de prevenção de APLV é o aleitamento materno exclusivo desde a sala de parto, em livre-demanda, estendido até dois anos ou mais. O melhor ‘tratamento’ para lactentes com APLV é o aleitamento materno exclusivo (quando possível) associado à retirada de toda proteína do leite de vaca da alimentação da lactante (mãe), mantendo-se, assim, a amamentação com totais vantagens para o bebê”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski.
Segundo estudos, no Brasil, 3-6% das crianças apresentam alguma alergia alimentar. E entre essas 85% são de APLV, ou seja, cinco em cada cem têm o diagnóstico de APLV. “Realmente ocorre em algumas crianças quando da introdução do leite de vaca e que talvez com o passar dos anos ficou cada vez mais acessível ao diagnóstico. Com relação ao consumo do leite de vaca por menores de dois anos, acredito que não seria recomendável por uma série de fatores que a própria sociedade brasileira de pediatria defende que são os benefícios do aleitamento materno nesta idade, com relação à melhora no sistema imunológico do recém nascido, o estímulo dos reflexos e desenvolvimento neurológico do mesmo, além de uma série de outros benefícios até para a mãe que amamenta”, explica o nutrólogo Fernando Badur Chueire.
Ele comenta que os pediatras convencionais dizem que leite de vaca é para bezerro e não para criança, sendo que alguns dos motivos podem ser explicados pelo fato de o interior do tubo digestivo do recém nascido não estar preparado para digerir o leite de vaca, pela imaturidade deste tubo com relação à ausência de todas as enzimas digestivas nesta fase. “Diferente de um adulto que consome o leite ordenhado diretamente da vaca. No adulto existe a intolerância à lactose que pode ser completa (total), descoberta desde o primeiro contato com o leite de vaca ou derivados, com sintomas clássicos como a diarreia, distensão abdominal e desconforto logo após o consumo do leite, ou a parcial que pode aparecer em uma fase mais avançada”, disse o Dr. Fernando. Podemos ficar sem leite?
“Acredito que o leite materno é o primeiro alimento do recém nascido e deve sempre ser estimulado. Contudo, nos casos em que isto não é possível, deve ser substituído por outros tipos de leite, mas ficar sem leite ou substitutos dele, nos primeiros meses de vida, não acredito que seja possível. O adulto poderia ficar sem o leite, embora seja um alimento importante na nossa alimentação, por ser uma das principais fontes de proteína de alto valor biológico, fonte importante de cálcio e também fonte de algumas vitaminas. Para os intolerantes há o sem lactose”, diz o nutrólogo.
Segundo o pediatra, para as crianças não dá para adequar as necessidades de cálcio apenas na alimentação, sem o leite. Nesse caso, seria necessário recorrer às farmácias para suplementação. “Ainda mais, se pensarmos nas quantidades de alimentos ingeridas em 24 horas. E isso não considerando o grande número de crianças que é levada aos consultórios com a queixa de que não comem. Ou seja, não iremos nunca fechar a conta do aporte adequado de cálcio, sem a ingestão de leite humano, de vaca ou de cabra”, encerra.

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