Mobilização contra o coronavírus

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Muita gente reclama do calor, mas em um aspecto ele poderá ser positivo: apesar de 16 casos suspeitos em cinco estados brasileiros, as temperaturas altas do verão talvez dificultem a chegada e o avanço no Brasil da nova variedade de coronavírus que emergiu em dezembro – no auge do inverno do hemisfério Norte, onde o clima frio favorece sua sobrevivência e transmissão.
O novo vírus já infectou quase 14 mil pessoas e causou cerca de 300 mortes na China até o início deste mês. Por outro lado, o intenso comércio com o país asiático, hoje o principal importador de produtos brasileiros, poderia facilitar a circulação de pessoas e da nova variedade de coronavírus, chamada provisoriamente de 2019-nCoV.
No dia 30 de janeiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o surto do coronavírus como uma emergência de saúde pública global, o que implica uma ação coordenada entre os países. O novo vírus já foi detectado em 23 países. No Brasil, os pacientes suspeitos estão em São Paulo (oito deles), Rio Grande do Sul (quatro), Santa Catarina (dois), Paraná (um) e Ceará (um). Outros 10 casos suspeitos foram descartados.
O perfil do 2019-nCoV inclui provável origem em morcegos e transmissão entre pessoas por gotículas de secreções respiratórias. Os primeiros sintomas são febre, tosse e dificuldade para respirar e não há tratamento específico. A letalidade é em torno de 2,1% e a infectividade é de uma pessoa para outras duas, em média.
Na última edição do O Combate, o virologista Maurício Lacerda Nogueira destacou que a letalidade deste tipo de coronavírus é menor do que a de outros, como o responsável pela SARS, uma espécie de síndrome respiratória.
No Brasil, instituições públicas da área da saúde se mobilizam para identificar os possíveis casos suspeitos, coletar amostras de secreções respiratórias e de sangue para análise e tratar os pacientes. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta tem concedido entrevistas dizendo que o protocolo de atendimento médico seria o mesmo adotado em 2002 para prevenir a chegada da SARS, que acabou não ocorrendo. Mandetta também reconheceu o “perigo iminente” de o 2019-nCoV chegar ao Brasil e reconheceu que ainda há muitas incertezas sobre tempo de transmissão, incubação, potencial de letalidade e comportamento do vírus em gestantes, crianças e idosos.
Em São Paulo, a Secretaria de Estado da Saúde criou um plano de risco e resposta rápida contra o coronavírus, reunindo o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), os institutos Adolfo Lutz e Butantan, o escritório estadual da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde, a Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) e as secretarias municipais de Saúde do estado. O Instituto de Infectologia Emílio Ribas e o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP serão centros médicos de referência para atendimento às pessoas infectadas.
Para evitar o contágio, os principais aeroportos do país espalharam recipientes com álcool em gel, principalmente na área de desembarque, para desinfecção das mãos. A cada duas horas é emitido um comunicado sonoro pedindo a quem tenha tosse, febre ou dificuldade para respirar – e tenha estado na China – que procure o serviço médico. A OMS recomenda lavar frequentemente as mãos com água e sabão ou com álcool em gel; cobrir a boca e o nariz com o braço flexionado ao espirrar ou tossir; evitar contato próximo com qualquer pessoa que tenha febre ou tosse;procurar ajuda médica se tiver febre, tosse e dificuldade para respirar.

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