Cada conterrâneo que morre, cada casa demolida, cada jardim reformado e descaracterizado, leva um pouco da nossa história. É quando os sinos tocam por cada um de nós e vem daí a importância da literatura memorialística.

Quando buscamos um significado para a nossa existência no mundo e com o mundo, esbarramos na relação social que mantemos com os outros no cotidiano. Não existimos sozinhos.

O passado sobrevive no contemporâneo. E quantas vezes, machucados pelas nossas experiências, vazios de esperança, é no passado que vamos recompor nossa origem, nossos valores.

“A narrativa memorialista é uma resistência ao esquecimento, significa reinventar o vivido e viver com o prazer da descoberta” (1), e também, como disse Mário de Andrade, “o passado não é para ser copiado e sim pensado”.

Quando ando por Jaboticabal e observo algumas mudanças (algumas, porque outras são necessárias), intimamente agradeço ao Dorival Martins de Andrade, à Zina Bellodi, ao Luiz Carlos Beduschi, ao Fernando Rosa, à Marielza Ortega Roma, à Fabiana Naxara Poli, Antônio Pascoal André, José Paulo Lacativa, José Roberto Borsari, Suelena Noguer e o Dr.Waldir Turco (além de outros que não estão mais neste mundo), que registraram aspectos da história de Jaboticabal e de pessoas que, direta ou indiretamente, ajudaram-me a construir a minha história e a minha responsabilidade social.

Conhecia os versos de John Donne, mas nunca senti a intensidade deles como sinto quando percebo descaso, não só do poder público, mas também de algumas pessoas; necessitamos atrair para o mesmo barco o velho e o novo, o inventado e o reinventado, a fim de, ao dobrar dos sinos, não nos sintamos tão diminuídos.

Que a cada aniversário da cidade possamos comemorar não só o crescimento e o progresso da cidade, mas, também, o compromisso do poder público e dos munícipes com a preservação dos bens públicos e o incentivo à junção do velho e do novo, do inventado e do reinventado.

1 COMENTÁRIO

  1. Sábado em casa… um sábado qualquer. Na iniciativa de buscar inspiração, nostalgicamente olho na internet referências de minha cidade. Encontro então esse texto de Walkira Borsari Biraghi e minha alma se alegra de imediato por ter sido lembrada em meio a tantos valores jaboticabalense. Sinto uma gratidão imensa pela vida ter me dado presentes como a amizade de alguns destes e um desejo enorme de contribuir com os caminhos da minha querida cidade natal novamente.

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