Rejuvenescimento do ovário a caminho de ser realidade

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Permitir que um ovário envelhecido seja capaz de ovular novamente poderia ser a solução para engravidar em caso de menopausa precoce ou também para reverter o envelhecimento natural deste órgão, que é acelerado a partir dos 35 anos e provoca que 10 anos mais tarde, com 45 anos, a maioria das mulheres já não consegue engravidar de forma espontânea.
Atualmente nas clínicas de reprodução humana da Europa, metade dos tratamentos para engravidar é realizado com óvulos doados. “A idade média das pacientes mundialmente é de 39 anos, algo muito parecido com a realidade na nossa clínica no Brasil”, explica Dra. Genevieve Coelho, parte do grupo de medicina reprodutiva que realizou a pesquisa. “Muitas pacientes a partir dos 40 anos precisam de óvulos doados, ou porque já não estão ovulando apesar de menstruarem, ou porque os óvulos que possuem não estão gerando embriões”, explicou.
Um dos desafios para os especialistas em reprodução humana é encontrar óvulos de qualidade nas pacientes, principalmente a partir dos 38 anos. Segundo as novidades apresentadas recentemente no evento sobre genética e reprodução humana que aconteceu na Espanha, a técnica mais prometedora para este futuro possível é a edição genética.
Como é possível rejuvenescer o ovário? Segundo os que defendem esta técnica, como é o caso da Dra. Genevieve, existem várias equipes de cientistas pesquisando como fazer com que o ovário, órgão responsável pela ovulação, reverta o processo de envelhecimento e consiga ativar os “óvulos adormecidos”, que são aqueles que permanecem no ovário, mas não se desenvolvem, mesmo com o estímulo de medicamentos.
Quando as pacientes não estão ovulando bem é realizado um tratamento de estimulação ovariana com medicamentos hormonais para estimular o desenvolvimento dos óvulos, porém a eficácia desse tratamento vai diminuindo com o avanço da idade materna ou a consequência da menopausa precoce, que atinge cerca de 1% das mulheres.
O rejuvenescimento do ovário é um tratamento realizado com células-tronco capaz de ativar os óvulos adormecidos da reserva ovariana que está sendo pesquisado por vários cientistas atualmente. Com a ferramenta de edição genética CRISPR, foi possível ganhar velocidade nas pesquisas, mas ainda não existe uma previsão para quando esta solução estará disponível para as pacientes.
Por que é difícil engravidar após os 40? Antes mesmo de nascer as mulheres já contam com seu estoque de óvulos para a vida inteira. Ao longo da vida fértil de uma mulher, o corpo prioriza liberar primeiro os melhores óvulos, enquanto os considerados de menor qualidade permanecem e vão envelhecendo, o que afeta ainda mais sua capacidade de gerar um bebê saudável. O resultado dessa seleção natural são menos chances de engravidar na medida em que a idade avança e mais riscos de aborto e problemas genéticos nos descendentes.
Segundo o Dr. José Vítor Zanardi, ginecologista de Ribeirão Preto e especialista em Reprodução Assistida, os estudos sobre rejuvenescimento ovariano ainda possuem fragilidade científica, porém aparecem como uma luz que se contrapõe à inexorável redução da reserva ovariana experimentada com o avanço da idade ou motivada por doenças. “Principalmente em um mundo onde as mulheres têm postergado cada vez mais a gravidez, essa ferramenta virá ao encontro deste anseio moderno. Enquanto essa questão não se torna uma realidade tangível em nossos centros de assistência, a única opção de gestação para uma mulher na menopausa (ou com insuficiência ovariana) é o tratamento utilizando óvulos de doadora. Mas essa questão esbarra em disponibilidade de doadoras, questões éticas e culturais”, esclareceu o Dr. Zanardi.

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