Marisa Clemente Rodrigues é uma doutoranda muito especial. Além de ser especialista em apicultura, a docente da FCAV/Unesp Jaboticabal tem projetos em vários países e uma participação incrível no processo de mitigar a fome na África usando o que? Sim, abelhas. Ela desenvolveu um projeto de educação ambiental nas escolas, tanto na vila da Chibia, em Angola como em Jaboticabal, que está conectando pessoas e gerando uma importantíssima reflexão não só sobre o papel polinizador das abelhas, mas sobre a importância da preservação do meio ambiente.
“O projeto surgiu da vontade de conectar os aprendizados acadêmicos com o ensino fundamental. Queríamos que as crianças e professores conhecessem as abelhas bem de perto. Sabíamos que se apaixonariam por elas. E como sabemos que só preservamos aquilo que amamos, queríamos transmitir esse amor para que as crianças possam ser os ‘guardiões da natureza’ do futuro”, explicou Marisa.
As abelhas, segundo ela, são um ótimo modelo para trabalhar assuntos como o respeito pelas diferenças, a harmonia da vida em sociedade e a importância de preservar a natureza e seus guardiões. “Foi com esses tópicos em mente que decidimos propor à Escola Municipal Palma Travassos para começarmos uma interação pioneira na cidade, recorrendo ao mundo das abelhas para abordar esses assuntos tão relevantes atualmente. O projeto, aqui no Brasil, aconteceu devido ao comprometimento e dedicação de todos os monitores voluntários da Unesp e aos professores da Palma Travassos. Este projeto foi o resultado de uma parceria bem sucedida entre o grupo de Estudos e Pesquisas em Abelhas – Flora, do qual eu faço parte, e o Grupo de Estudos em Educação Ambiental – GEEA, coordenado pela professora e pedagoga Tatiana Souza, da Unesp de Jaboticabal”, informou.
O objetivo do projeto foi também mostrar aos alunos a importância das abelhas para preservação dos ecossistemas e para a produção da diversidade de alimentos, assim como ressaltar a importância da vida em sociedade e de como unidos, podemos fazer a diferença, tal como as abelhas fazem. “Queríamos que o projeto acontecesse de forma diferente, onde todos pudessem participar das atividades de forma ativa, lúdica e divertida, e foi isso que fizemos. No Palma Travassos o projeto começou em agosto de 2019 e terminou em novembro de 2019. Com uma interação semanal de duas horas, por cada turma incluída no projeto, um total de 350 crianças. Foram seis encontros diretos com as crianças e dois encontros prévios com os professores”, disse Marisa, comentando que foram abordados os seguintes assuntos: importância da polinização, como é a vida em sociedade das colônias, como as abelhas se comunicam, criação de um jardim para polinizadores, observação e instalação de enxame de abelha nativa, atividade livre para desenho sobre as interações anteriores.
O projeto ensinou muito mais do que preservação das abelhas. Na próxima edição do O Combate você vai conhecer o intercâmbio que nasceu a partir dele.