Um estudo publicado no Journal of Physiotherapy que contempla um programa de orientação com exercícios de fisioterapia e de terapia ocupacional, juntamente com a educação do paciente sobre a doença e o uso noturno de uma tala, aponta intervenções que podem reverter a necessidade de cirurgia para tratamento da síndrome do túnel do carpo. O estudo foi feito com pacientes que estavam na fila de espera para realizar a cirurgia, cujo principal objetivo é fazer a descompressão do nervo mediano.
Os pesquisadores dividiram os pacientes em dois grupos, sendo um deles o controle, que continuou na lista de espera sem cuidados adicionais. O grupo experimental recebeu educação sobre a doença, exercícios para fazer em casa orientados por um fisioterapeuta e um terapeuta ocupacional, além de uma órtese (tala) para uso noturno. Após 24 semanas, esses cuidados reduziram em 21% a necessidade de cirurgia nesse grupo. Quando comparados, 80% dos pacientes do grupo controle evoluíram para a cirurgia. Já no grupo experimental, esse índice foi de 59%.
A síndrome do túnel do carpo é uma doença que resulta da compressão do nervo mediano no canal do carpo, estrutura que fica entre a mão e o antebraço. “Algumas condições podem levar à compressão desse nervo, como gravidez, diabetes, doença renal, fraturas no punho ou doenças inflamatórias, como a artrite reumatoide”, explica a fisioterapeuta Walkíria Brunetti.
“Quando a pessoa realiza movimentos repetitivos com o punho, num padrão incorreto, por exemplo, pode levar à compressão do nervo devido a um desequilíbrio muscular. O tratamento conservador, que envolve a fisioterapia, tem como principal objetivo colocar a mão numa posição funcional, sem sobrecarregar os músculos flexores”, diz Walkíria.
A compressão do nervo leva aos sintomas como dor, queimação, formigamento e dormência na mão. Uma das principais características da síndrome do túnel do carpo é que a dor piora à noite porque certas posições na hora de dormir podem comprimir o punho, como colocar a mão embaixo da cabeça ou do travesseiro. Segundo ela, sem tratamento, a síndrome do túnel do carpo pode ser limitante. “O paciente pode perder a sensibilidade na região do punho, assim como pode apresentar dificuldades para fazer movimentos simples, como pentear os cabelos, abrir uma porta, dirigir, abrir ou fechar uma torneira etc.”, explica a fisioterapeuta.
Ela argumenta que a síndrome do túnel do carpo pode ser tratada clinicamente. “O tratamento conservador é sempre a primeira opção, sendo que a fisioterapia é essencial para a melhora do quadro. Medicamentos para a inflamação e órteses (talas) também são recursos importantes no tratamento conservador, porém, frequentemente, a intervenção cirúrgica pode ser necessária. Felizmente, a pesquisa mostrou que mesmo em casa o paciente pode adotar cuidados para reduzir os sintomas. O estudo foi feito com recursos simples que podemos replicar aqui no Brasil, como a educação do paciente sobre a doença, exercícios caseiros orientados por um fisioterapeuta e uso de talas”, encerra a fisioterapeuta.
(Renata Massafera)