O Brasil convive com elevadas estatísticas de violência cotidiana praticada contra mulheres. O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de Feminicídio, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas pra os Direitos Humanos (ACNUDH). O País só perde para El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia em número de casos de assassinato de mulheres. Em comparação com países desenvolvidos, no Brasil se mata 48 vezes mais mulheres que o Reino Unido, 24 vezes mais que a Dinamarca e 16 vezes mais que o Japão ou Escócia. O Mapa da Violência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostra que o número de mulheres assassinadas aumentou no Brasil: atualmente, uma mulher é assassinada a cada duas horas.
Diante deste quadro absurdo, a advogada Jacqueline Polachini Batista foi ousada e criou o movimento “Coragem”, que, no último sábado, movimentou a Praça Nove de Julho, justamente um dia antes da comemoração do Dia Internacional da Mulher. Segundo a advogada, o objetivo do “Coragem” é levar informação à população, principalmente às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar para que tenham ciência de seus direitos frente aos poderes e possam exigi-los quando cerceados por alguma autoridade.
“O movimento visa, ainda, ensinar para as mulheres o perfil de alguns agressores, bem como empoderamento que a vítima de violência doméstica deve ter após passar por algum dos tipos de violência descritos na Lei 11.340/2006”, explicou a Dra. Jacqueline.
A ação do “Coragem”, na Praça Nove de Julho, contou com quatro palestras, que foram ministradas pela a promotora Dra. Ethel Cipele (O papel do Ministério Público e do Poder Judiciário nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher: medida protetiva e as consequências da desobediência da ordem judicial); Dr. Roger Negreti, psiquiatra (Aspectos comportamentais do agressor e da vítima nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher); Fabíola Maia, master coach (Empoderamento da mulher vítima de violência doméstica e familiar); e Dra. Andréa Fogaça Nogueira, titular da DDM (O que a vítima deve fazer na situação de violência doméstica e como a Delegacia de Defesa da Mulher irá ajudá-la).
O evento, que foi aberto ao público e durou das (h às 12h, teve uma parte cultural com apresentação de Aisha, Sharah Bertocco e Poli, Manu Vaz e Ju Mello. Também foi apresentado um bate-papo entre Maria da Penha e Jacqueline, que foi ao Ceará conversar com a mulher que dá nome à lei que protege as mulheres de todo o Brasil.