Estiagem muda a paisagem e aumenta risco de incêndio e de problemas respiratórios

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A casa cheia de resquícios de queimadas, a umidade do ar baixa, o ar parecendo envolto em uma poeira. Este é o cenário da maioria das cidades da região, incluindo Jaboticabal. A falta de chuva já trouxe consequências não só para a lavoura e para a paz das donas de casa, mas também para a saúde, já que nos ambulatórios o que mais se ouve são reclamações de problemas ambulatórios.
O meteorologista Celso Oliveira, da Somar Meteorologia, em São Paulo, explicou à reportagem do O Combate que a longa estiagem deste ano estava prevista. “Desde o fim do verão, estávamos de olho na diminuição da chuva no Estado de São Paulo. O problema não é a falta de chuva atual, que é normal para o norte de São Paulo. O problema foi o fim do verão mais seco. A chuva do verão ‘cortou’ mais cedo, a partir de março, e está fazendo com que passemos por um período de tempo seco mais longo que o normal”, explicou Celso.
Segundo ele, este inverno está quente nesta região porque as ondas de frio estão muito espaçadas. “A maior parte delas se afastou para o oceano antes de alcançar o norte de São Paulo, situação típica quando o oceano Pacífico está resfriando. No fim das contas, o norte paulista registrou apenas duas quedas mais acentuadas de temperatura, uma em maio e outra no fim de semana retrasado”, informou.
O meteorologista afirma que a partir da segunda quinzena de setembro voltará a chover sobre o norte de São Paulo. “A projeção é de uns 30mm em Jaboticabal até o fim de setembro, valor abaixo da média histórica. A partir de outubro, a chuva será mais intensa e frequente”, disse.
Celso Oliveira lembra que os principais problemas que este cenário tão seco traz são a piora na qualidade do ar, aumentando a incidência de doenças respiratórias; além do aumento no risco de queimadas.
“Tanto a primavera como o verão devem ter chuva inferior ao normal no Norte de São Paulo, neste ano. Mas entre meados de setembro e a primeira quinzena de dezembro, a chuva acontecerá com frequência. Estamos monitorando uma possibilidade de estiagem entre a segunda quinzena de dezembro e a primeira de janeiro. Teremos maior certeza nos próximos meses”, adiantou o meteorologista.
Ele reitera que não costuma chover muito no norte de São Paulo no inverno. Na soma dos 90 dias, o acumulado não costuma chegar aos 50mm. “Mas este ano está excepcionalmente mais seco. Não estou contando com setembro. Ainda choverá antes do fim deste inverno. Mas em dois meses, julho e agosto, choveu apenas 4,3mm em Jaboticabal. Somente em 2010, tínhamos registrado um bimestre mais seco. Naquele ano, choveu 1,3mm”, informou Celso.
E será que nesta época sempre é assim, e nossa memória apaga, ou ultimamente está pior? Ou seja, seca mais prolongada e calor mais intenso em pleno inverno. “As duas coisas. Existem mudanças climáticas e aquecimento global, mas as mudanças não acontecem de um ano para outro. Elas somente não vistas depois de várias décadas. As mudanças entre um ano e outro estão ligadas à temperatura dos oceanos, especialmente do Pacífico, quando há formação dos fenômenos El Niño e La Niña. Além disso, também temos memória curta”, brincou o meteorologista, lembrando que, de fato, estamos com um inverno quente, mas 15 dias atrás, tivemos as mais baixas temperaturas para um mês de agosto em pelo menos dois anos com mínima de 7,8°C e máxima de apenas 17,5°C.

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