Feminicídio e agressões contra mulheres assustam Jaboticabal

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Em 2015, um crime chocou Jaboticabal: um marido que havia registrado um boletim de ocorrência, relatando que saiu de casa para levar uma das filhas à escola e, quando retornou, não encontrou mais a esposa, confessou o assassinato da mesma, depois que seu corpo foi achado por um trabalhador rural no meio de um canavial em Lusitânia. A esposa foi morta dentro da casa da família, durante uma discussão com o marido. Uma das filhas do casal, então com dois anos, dormia em um dos quartos no momento do assassinato. Em janeiro do ano retrasado, o acusado foi condenado a 23 de anos de prisão.
Cinco anos depois, no último sábado, dia 8, mais uma notícia de feminicídio choca Jaboticabal: outro marido mata a esposa a facadas, ateia fogo na residência, oculta o cadáver e incendeia o carro da família. A casa, situada entre o Centro de Jaboticabal e o Bairro X, em chamas, chamou a atenção dos vizinhos. A polícia encontrou o carro do casal cuja casa havia sido incendiada próximo à Lusitânia, também incendiado. Perto dali, a polícia também encontrou o corpo de uma mulher no matagal. E, em seguida, o marido, que confessou o crime. O marido contou que após uma discussão com a esposa, em um momento de raiva, desferiu facadas, ateou fogo na residência, ocultou o corpo e incendiou o carro logo em seguida. Ele responde por crime de feminicídio e ocultação de cadáver.
Uma semana antes, no dia 1o de fevereiro, Jaboticabal ficava chocada com outra notícia: um rapaz de 19 anos violentou sexualmente a própria mãe de 43 anos, em sua residência, no Centro de Jaboticabal. A mãe se deslocou até o antigo batalhão da Polícia Militar, constatou a mudança de local, seguiu até a nova sede da Polícia e relatou o ocorrido, informando, inclusive, onde o filho poderia ser encontrado, desmaiando logo em seguida. A Polícia Militar foi até o local indicado, encontrou o jovem e o prendeu.
A Dra. Andréa Fogaça Nogueira, titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) postou sua incredulidade diante destes dois últimos crimes, mesmo acostumada com ocorrências policiais graves.Em entrevista ao O Combate, a delegada lembrou que o feminicídio foi instituído no país em 2015. “É um termo usado para identificar o assassinato de mulher praticado por questões de gênero, ou seja, pelo simples fato de ser mulher. Quando se verifica um crime motivado por essa circunstância, a pena do agressor aumenta, pois incide uma qualificadora (o que era de seis a 20 anos de reclusão, passa a ser de 12 a 30 anos). Este crime, infelizmente, está ganhando espaço no nosso país, estado e agora também na nossa cidade”, lamentou a Dra. Andréa.
Segundo ela, historicamente, no Brasil, a mulher era colocada numa posição inferior à do homem. Com avanço dos costumes e das leis já conseguimos uma grande evolução, mas muito ainda precisa ser mudado”, salientou a delegada, lembrando que poder público, segurança pública, Judiciário, Ministério Público, igrejas, entidades assistenciais e sociedade precisam se unir pra tentar minimizar esse mal.
“Eu acredito que se fizermos um trabalho na base, com crianças, no futuro teremos uma sociedade melhor. Porque aquele que de uma forma ou outra vivenciou a violência doméstica, vai reproduzi-la na fase adulta. A menina, quando mulher, vai achar normal apanhar e o menino, enquanto homem, vai se sentir no direito de bater. Não podemos mais aceitar qualquer tipo de violência e desrespeito ao ser humano, seja violência contra crianças, mulheres, homossexuais, idosos ou animais. Por isso, caso você saiba de alguém que está sofrendo uma violência, auxilie essa pessoa, porque muitas vezes ela não consegue enxergar uma saída que nós, que estamos do lado de fora daquele ciclo violento, enxergamos”, concluiu a Dra. Andréa.

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