Obesidade afeta a saúde do fígado em crianças a partir de oito anos

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Um novo estudo, publicado no Journal of Pediatrics, é o primeiro a mostrar que o ganho de peso pode ter um impacto negativo na saúde do fígado em crianças, a partir dos oito anos de idade. O estudo descobriu que a circunferência da cintura maior, aos três anos, aumenta a probabilidade de que, aos oito anos, as crianças tenham marcadores para doença hepática gordurosa não alcoólica.
“Com o aumento da obesidade infantil, estamos vendo mais crianças com doença hepática gordurosa não alcoólica em nossa prática de controle de peso pediátrico. Muitos pais sabem que a obesidade pode levar ao diabetes tipo 2 e outras condições metabólicas, mas há muito menos consciência de que mesmo em crianças pequenas, ela pode levar à doença hepática grave”, explica o pediatra e homeopata Moises Chencinski.
A doença hepática gordurosa não alcoólica ocorre quando muita gordura se acumula no fígado e provoca inflamação, causando danos. A condição afeta cerca de 80 milhões de pessoas nos EUA e é a patologia hepática crônica mais comum em crianças e adolescentes. “A doença geralmente não apresenta sintomas. A progressão da doença hepática gordurosa não alcoólica pode levar à cirrose do fígado es, ao câncer de fígado”, diz.
Estudos anteriores se concentraram na doença do fígado gorduroso em adolescentes e em adultos jovens. No presente estudo, os pesquisadores procuraram por fatores de risco para o fígado gorduroso em crianças menores. Foram medidos os níveis sanguíneos de uma enzima hepática chamada Alanina transaminase (ALT), um marcador de dano hepático e pode ocorrer em indivíduos com doença hepática gordurosa não alcoólica e outras condições que afetam o fígado.
“Alguns médicos medem os níveis de ALT em crianças em risco a partir dos 10 anos de idade, mas as descobertas ressaltam a importância de agir mais cedo para evitar o ganho excessivo de peso e subsequente inflamação do fígado”, defende o pediatra.
Atualmente, a melhor maneira de crianças e adultos combaterem a doença do fígado gorduroso é não engordar acima dos limites esperados, perder peso, se isso acontecer, comer menos alimentos processados ​​e fazer exercícios regularmente. “Precisamos urgentemente de melhores maneiras de rastrear, diagnosticar, prevenir e tratar essa doença desde a infância”, destaca Chencinski.
O endocrinologista pediátrico Dr. Thiago Santos Hirose alega que a grande questão é, principalmente, o aumento do consumo de alimentos altamente calóricos e o aumento do sedentarismo no público infantil. “Isto faz com que o consumo de calorias seja maior do que seu gasto – consequentemente, o excesso de calorias que não serão utilizadas serão acumuladas na forma de gordura, principalmente em região central (pescoço, abdômen e cintura). Este excesso de gordura central faz com que o paciente possa apresentar doenças do adulto mesmo na idade infantil – pressão alta, diabetes tipo 2, problemas de colesterol, etc. E também o acúmulo de gordura no fígado, chamado esteatose hepática não-alcoólica que, a longo prazo, pode sim causar cirrose hepática”, disse.
O Dr. Thiago explicou uma alimentação adequada associada à atividade física é de suma importância na prevenção desta doença. “Devemos parar de enxergar a obesidade como estética, mas sim como doença que, a longo prazo, pode levar a doenças crônicas que citamos previamente. Um estudo do New England Journal Medicine de 2016 mostrou, ao avaliar cerca de 2,2 milhões pessoas desde a sua adolescência (16-19 anos) até a vida adulta (avaliaram durante 44 anos), que quanto maior o índice de massa gorda na adolescência, tanto maior era o risco daquele indivíduo apresentar doença cardiovascular fatal na vida adulta”, alertou o endocrinologista pediátrico.

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