A prática de exercícios físicos em um dia ensolarado e quente pode ser prazerosa, porém exige alguns cuidados especiais por parte do esportista. O clima quente requer mais do sistema de refrigeração corporal, acarretando uma diminuição do plasma, que compromete o sistema cardiovascular, além de poder provocar transtornos como cãibras, tontura e desmaios.
“Deve-se utilizar sempre roupas e calçados leves e confortáveis, manter o ambiente arejado e, quando necessário, ventilado. Usar protetor solar, usar óculos de sol e boné em atividades realizadas ao ar livre, mesmo que você esteja habituado a uma prática regular de atividades físicas. Em dias muito quentes, procure reduzir a exigência dos exercícios em cerca de 20%. Evite exercitar-se em temperaturas superiores a 29 graus e em dias com umidade relativa do ar abaixo de 50%”, ressaltou o educador físico Edison Tresca.
De acordo com o professor Edison, é essencial procurar exercitar-se nos períodos mais frescos do dia, como início da manhã e finalzinho da tarde, ou à noite. “Além disso, é importante ingerir bastante líquido em pequenas porções ao longo do dia, a cada 40 ou 60 minutos. Em dias quentes a perda de água do organismo, pela transpiração, é mais intensa, podendo desidratar rapidamente. Ingerir preferencialmente água fresca, evitando bebidas industrializadas, que normalmente contém sódio como conservantes”, aconselhou.
Prática em diferentes horários
No calor e nem no inverno, não é sempre que conseguimos fazer exercício no momento do dia que consideramos ideal. A rotina corrida e as diferentes obrigações do nosso cotidiano acabam fazendo com que encaixemos a prática da atividade física nos raros momentos que sobram entre tantas tarefas.
No entanto, especialistas apontam que o horário em que praticamos os exercícios tem influência direta nos resultados que conquistamos. “O ideal é a pessoa padronizar o seu hábito, ou seja, criar uma regularidade para a sua prática. Quando isso acontece, fica mais fácil alcançar os objetivos”, explica Michele Lima, professora de musculação, dizendo que o corpo precisa de uma regularidade nas ações cotidianas, o que inclui a prática de atividades físicas.
A professora afirma que é possível, sim, alcançar resultados sem esta regularidade, mas que ela é um fator relevante para maximizar a qualidade destas conquistas. Ao criar seus hábitos, é importante, ainda, que a pessoa tenha algumas observações em mente. “Ao praticar um treino de alta intensidade à noite, o corpo sofre um grande estresse, liberando muitos hormônios e aumentando o cortisol, o que faz com que o atleta não tenha um descanso adequado nem um sono tranquilo. Se este mesmo treino for realizado pela manhã, ele demanda energia e força, o que torna fundamental uma boa ingestão alimentar”, diz.
Este, aliás, é um fator importante para que o treino alcance seus objetivos, segundo Michele. Um treino aeróbico, por exemplo, que ela indica que seja feito pela manhã, pode ter diferentes consequências de acordo com a ingestão alimentar. “Um aeróbico em jejum promove uma perda significativa de gordura. No entanto, se realizado depois de uma alimentação saudável e simples, o desempenho é ainda melhor”, explica a professora, lembrando que a prática em jejum reduz a performance.
Uma correta ingestão alimentar de carboidratos, por exemplo, também é importante durante e após os treinos. Em casos de atividades com mais de uma hora de duração ou praticadas em locais inóspitos (muito quentes, muito frios ou com muita altitude), eles são essenciais para a manutenção da glicemia sanguínea no decorrer do exercício. Já depois dos exercícios, os carboidratos repõem os estoques exauridos, garantem um padrão anabólico e asseguram uma rápida recuperação, principalmente se associados a proteínas.
Ela lembra que o treino de manhã ativa a circulação sanguínea, libera os hormônios do bem-estar e é o melhor despertador natural. No entanto, como o corpo esteve muito tempo parado, é importante não começar a atividade com movimentos explosivos, pois ele precisa adaptar-se e aquecer.
À tarde é quando o metabolismo está acelerado. É uma boa opção para quem quer perder peso, porque, além de estimular a queima de calorias, é quando temos mais energia e, consequentemente, alcançamos um melhor desempenho. Já à noite, os benefícios variam muito de pessoa para pessoa. Em alguns casos, pode mexer com a qualidade do sono e aumentar o estresse.
O educador físico Marcelo Simielli lembra do perigo da desidratação do idoso, que poderá ter confusão mental e perda da memória. “Importante que o idoso nesse calor faça suas atividades físicas sempre acompanhado de um profissional cadastrado no Conselho Regional de Educação Física e se hidrate bem, além de diminuir a intensidade do treino”, conclui Marcelo.
